Acreditar
00:20 | Author: Bruno


letra aqui

“- Começo a gostar da ideia de ires comigo hoje à noite ao restaurante arménio, porque vais descobrir ou, melhor dizendo, ficar consciente de três coisas importantes. A primeira: no momento em que as pessoas resolvem encarar um problema, elas dão-se conta de que são muito mais capazes do que pensam. A segunda: toda a energia, toda a sabedoria, vem da mesma fonte desconhecida, a que normalmente chamamos Deus. O que tento na minha vida, desde que comecei a seguir aquilo que considero o meu caminho, é honrar essa energia, ligar-me com ela todos os dias, deixar-me guiar pelos sinais, aprender enquanto faço – e não enquanto penso fazer, A terceira: ninguém está só nas suas atribulações – existe sempre mais alguém a pensar, a alegrar-se ou a sofrer da mesma maneira, e isso dá-nos força para encarar melhor o desafio que temos diante de nós.
- Isso inclui sofrer por amor?
- Isso inclui tudo. Se o sofrimento está ali, então é melhor aceitá-lo, pois ele não se vai embora só porque se finge que não existe. Se a alegria está ali, também é melhor aceitá-la, mesmo com medo de que ela acabe um dia. Há quem só se consiga relacionar com a vida através do sacrifício e da renúncia. Há quem só se consiga sentir parte da humanidade quando está a pensar que é “feliz”. Porque me estás a perguntar isso?
- Porque estou apaixonada e tenho medo de sofrer.
- Não tenhas medo; a única maneira de evitar esse sofrimento seria recusares-te a amar.”


Há palavras que nos beijam, línguas que nos falam, corpos que se misturam, mãos que se entrelaçam como que selando um acordo inviolável, inquebrável, inesquecível. Braços e abraços que tentam não deixar fugir o calor. Que não permitem que aquilo que se constrói, que se construiu, se vá, se esfume, que não seja água que desapareça mal o sol apareça.

Momentos concretos, momentos vagos. Momentos com tanto de tão pouco, momentos com muito de algo que se teima em esconder. Momentos que fazem o coração querer sair do peito. Momentos em que as lágrimas não deixam ver o sorriso. Que impedem de ver o sol, a luz, tudo aquilo que tu és, que eu sou, que nós somos. Que podemos ser. Momentos de perguntas constantes, de delírios, devaneios, de loucura, de avanços e retrocessos. Momentos de respostas, encontradas em ti, de paz, de serenidade, de fogo, de ansiedade, de confiança, de coragem.

Impele-nos a coragem, fica o medo. Fica o incerto. Fica tudo tão mais vazio, tão menos claro.

Vem a confiança.

Impele-nos a coragem, fica o sorriso, o meu, o teu. Fica o certo. Fica tudo tão mais cheio nós, tudo tão mais claro.

E, ainda assim, as nuvens hoje tentam esconder a lua. A lua que hoje parece sol. O sol que aquece o coração, a alma, o ser. O sol que brilha, como deve brilhar a vida.
E, ainda assim, o vento é frio, cortante. Aquele vento que teima em dilacerar cada vez mais o olhar, o sorriso, o toque. Aquele vento que corta o melhor que há em ti, o melhor de mim.

E, ainda assim, tudo deveria fazer tanto sentido como este texto não faz.

Mas é mesmo assim. Aquilo que faz sentido nem sempre é óbvio, nem sempre é agradável, nem sempre o conseguimos ver quando temos medo de quebrar a redoma que nos cobre. Quando temos medo de arrumar aquela casa desarrumada, quando ignoramos aquele móvel que nos estorva o caminho.

Que raio faz esse móvel no caminho?

-Não sei. E às vezes não quero nem saber. Fica ali. Algum dia hei-de reparar no quão bonito ele é. Na falta que ele me fazia para arrumar tudo aquilo que estava desorganizado. Algum dia há-de dormir junto a mim, colocar-lhe-ei uma luz para que, nas noites em que estou só, ele brilhe e me possa iluminar para que eu volte a adormecer. Um dia decorá-lo-ei. Hei-de pô-lo ainda mais bonito com aquilo que trago em mim.


Vamos aprender a voar?

Algum dia será... Ainda que demore 51 anos, 9 meses e 4 dias.


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4 Viajantes:

On 22 de abril de 2008 às 01:31 , lilasmente disse...

não tens que te sentir mal ;)

 
On 22 de abril de 2008 às 12:28 , Anónimo disse...

não sei se se pode dizer alguma coisa... mas posso dizer que gosto de ti

 
On 22 de abril de 2008 às 16:43 , Ana disse...

Dás cabo de mim, Bruno Lopes!!
Baia.. Embasbacada é pouco! Rendida à tua sabedoria vá..

=)**

 
On 22 de abril de 2008 às 18:21 , Anónimo disse...

Andas a ler o Zahir...:P Ler esse livro foi uma experiência "dolorosa",esgasse...lol Este gajo tem estudos pah!